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44 anos

Na

Santo André Publicada em 28/12/2023

Tenho 44 anos, sou casada há 5 anos e desde que casamos estamos tentando ter nosso bebê… Primeiro ano de tentativas naturais sem sucesso, segundo ano com uso de indutores sem sucesso e há 3 anos na luta com a FIV. Somos considerados um casal infértil sem causa aparente, pois não há nenhum problema detectado nos exames -e olha que fomos virados do avesso!
Segundo nosso médico, é necessário uma média de 16 óvulos ou embriões, não me lembro, para se conseguir 1 saudável. Com uma reserva ovariana mais baixa aos 41 anos à época , fechamos o \”pacote\” de 3 induções/punções com fertilização na 3a. Todas as nossas economias foram gastas ali e a certeza de que teríamos sucesso, acreditando que seriam gêmeos e outras ilusões que acompanham a FIV pelo que se lê na mídia (mesmo com o nosso médico desmentindo diversos mitos!). Na primeira tentativa, após 3 ciclos de indução e punção, tivemos 9 embriões, dois quais 5 evoluíram até D5 e mandamos para análise genética. 10 dias de espera e o resultado: todos aneuploides. Costumo dizer que foi meu primeiro aborto, só que fora do útero.
Ficamos péssimos! O luto não reconhecido pelas pessoas…
Recorremos a um empréstimo e meses depois fomos para nosso segundo pacote.
Na segunda vez, depois dos 3 ciclos de indução/punção tivemos 7 embriões, dos quais 2 foram congelados no d3 pra garantir a transferência e os demais foram deixando de se desenvolver ao longo dos dias até o d6. Decidimos não fazer análise genética dessa vez (inviável financeiramente…). Transferimos os 2 embriões d3 e meu positivo veio! Ouvi o coraçãozinho, tive enjoos, sono absurdo e tudo o mais. Foram os dias mais felizes da minha vida. Numa ultra de rotina em 18/12/21 meu pesadelo começou com a frase: \” Não tem batimento\”. Meu corpo sentia todos os mesmos sintomas, mas o bebê havia parado de se desenvolver há 2 semanas. Tive um aborto retido e descobri isso da pior forma possível , com uma profissional no mínimo insensivel. Para fazer a AMIU tive que esperar ainda 3 dias, pois não havia vaga no centro cirúrgico antes. No dia 22/12 fui para a maternidade e ali vivi o pesadelo, que os detalhes doem de lembrar… todos confraternizando, eu aguardando, procedimento atrasado em horas, uma médica me foi designada apenas pq comecei a sangrar e nesse momento não havia vaga no centro cirúrgico. Enfim, foi o pior dia da minha vida. Um trauma que ainda luto todos os dias para superar. Meu marido foi minha força naqueles dias, mas embora ele estivesse triste com a situação o bebê não era algo palpável para ele como para mim. Entramos em uma crise, pois eu fiquei ressentida achando que ele deu pouca importância ao vivido, pois não conseguia falar sobre o bebê, dizia que estava arrependido de termos feito o tratamento porque havia perdido um filho e a mulher… Deprimida e ressentida, foram meses de muita terapia e tratamento para crises de ansiedade que começaram a me dominar. Culpa, medo de nunca realizar o meu sonho e o sonho dele de ser pai. Muitos kg a mais. Autoestima zero. Pedi demissão de um dos meus empregos e fiquei em licença médica no outro por algum tempo.
No final de 2022 disse ao meu marido que queria tentar novamente. Acho que foi o \”efeito Claudia Raia\”…Dessa vez traçamos um plano B para o caso de não ter sucesso novamente: partiriamos para a ovorrecepcão.
Iniciamos mais uma vez o pacote de três ciclos, com todo o dinheiro que havíamos economizado com trabalhos extras ao longo do ano. Dessa vez a resposta ovariana foi muito ruim, o crescimento dos folículos era irregular, enfim… ciclos atípicos, que poderiam ser característicos do declínio da vida reprodutiva. Isso atrasou o tratamento por meses. Na 3a punção, já no centro cirúrgico, o médico viu que eu havia ovulado e cancelou a punção, mobilizando a equipe para descobrir uma alternativa para mais um ciclo de indução com brechas do nosso contrato, já que não havíamos utilizado todos os dias pagos de medicamentos nos ciclos anteriores. Fiz o 4° ciclo de indução e puncionamos 3 óvulos, resultando em 9 embriões após fertilização. Surpresa? Nenhum desenvolveu.
Partimos para o plano B. No mesmo dia que descobrimos não ter nenhum embrião nosso, encontramos uma doadora compatível. Tinha de refazer exames, pois a ideia era fazer o ciclo natural, sem medicação, para preparo de endométrio. Nos exames, uma inflamação uterina foi descoberta, tive de tratá-la e repetir o exame no mês seguinte. 2 ciclos perdidos. No outro ciclo, um cisto no ovário esquerdo. Tratamos. No ciclo seguinte, o cisto havia sumido, mas outro surgiu no ovário direito. Desânimo total. Cansaço… Quando finalmente tudo estava bem para seguir com a transferência, foi feita a fertilização dos óvulos da doadora. Dias depois, soubemos que todos haviam sido descartados por ausência de evolução.
O médico teve uma conversa com meu marido, dizendo que poderia ser um problema no sêmen. Fiquei confusa. Vivi 11 ciclos de indução sem que se considerasse que poderia ser uma complicação seminal? Um misto de sentimentos tomou conta de mim e confesso que não sei o que pensar.
Como o pacote de ovorrecepcão garante a transferência de 1 blastocisto, esperamos nova doadora para fazer nova fertilização com sêmen do meu marido e se desse errado partiriamos para a recepção de um embrião doado.
Esperamos 2 meses e a nova doadora surgiu. Dos 6 oócitos descongelados doados, 3 se degeneraram e 2 não se desenvolveram. Tínhamos 1 chance. A transferência foi agendada no d5, pois era o dia previsto para desenvolvimento de blasto. O d5 caiu no dia 18/12, data em que eu havia descoberto 2 anos antes que pedera meu bebê. Um misto de sentimentos me invadiu, medo, tristeza, esperança desesperançosa… não sei explicar o que senti, mas não conseguia me animar para esta data. Não dormi direito, crises de ansiedade, tudo muito à flor da pele.
Três horas antes do horário agendado, a transferência foi cancelada porque não houve desenvolvimento para blastocisto. Deveríamos esperar até o d6, torcendo para desenvolver ou o embrião seria descartado. Que bomba! Mais um marco horrendo para o fatídico 18 de dezembro na minha vida!
Médico e equipe já se movimentaram pensando alternativas. Mais uma vez tudo dera errado.
Ainda assim, a transferência foi agendada para o dia seguinte, mas deveríamos nos atentar aos celulares pois se não houvesse qqr evolução seria cancelada, o material descartado e voltaríamos à estaca zero.
Não houve cancelamento dessa vez. O nosso pequeno Highlander começou a demonstrar grande vitalidade e se dividir no d6. Transferimos um embrião blasto e meu beta é amanhã, mas a ansiedade nos dominou essa semana e fizemos 3 testes de farmácia… o primeiro positivo, beeem clarinho, o segundo igual e o 3° negativo…
29/12/23
O beta foi hoje. Negativo.
Estou um tanto triste, cansada de verdade, pois esta foi nossa última tentativa. Além de não haver mais dinheiro para tentar novamente, não tenho saúde mental para passar por tudo de novo.
Agora é reconstruir a vida, nos reconectar e retomar/estabelecer metas de vida que valorizem o casal incrível que somos – com ou sem um filho!

Nº de tentativas de FIV

5 ou mais

Já sofreram um aborto?

1

Fatores de complicação

Infertilidade sem causa aparente

Em que momento estão

Transferência dos embriões

Avaliação da(s) clínica(s):

Clínica

Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva

Avaliação
Experiência com a clínica

Meu médico, Dr. Renato, é sensacional. A equipe é muito acolhedora e todo o suporte que precisamos encontramos ali.

Clínica

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1 comentário

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    Psicóloga Marcia Yunes

    Na,

    Lamento profundamente por tudo o que você passou nesta jornada tão desafiadora.
    Só quem passa por uma FIV tem noção de tudo que vivenciou

    Sua resiliência é notável, e é compreensível que esteja se sentindo cansada.

    É importante dar espaço para as emoções e se permitir reconstruir a vida de maneira significativa para você e seu marido💙🌷

    As vezes se faz necessário pausas e isso não é sinônimo de fraqueza e sim de autocuidado.


    Se permita esse tempo e depois, com a cabeça mais leve, vocês podem decidir os próximos passos.


    Se cuida ❤️🙏
    Desejo muita força

    7 de janeiro de 2024 às 11:38