Mariana de Medeiros Flores Nunes
31 anos

Mariana de Medeiros Flores Nunes

São Paulo Publicada em 23/11/2022

Em novembro de 2020, decidimos que era a hora de “deixar rolar”. Em 6 meses, num mês que sonhávamos que tivesse dado certo. Positivo.
Com 6 semanas ouvi o coraçãozinho, não tinha como dar errado… Deus nos presenteou com a Lara.

Marcamos outra USG para o papai também ouvir o melhor som do mundo e naquele dia nosso mundo desabou… SEM BATIMENTOS! Infelizmente naquele dia o coraçãozinho dela tinha parado! Nosso mundo acabou… virou de cabeça para baixo.

Passei por dois procedimentos cirúrgicos (AMIU e histeroscopia para retirada de restos ovulares), fiquei umas semanas muito mal e decidi que eu tinha que me reerguer, que só dependia de mim mudar o rumo daquela história.

Na minha primeira consulta ouvi o clichê “não tem nada que possa fazer, é NORMAL”.

Saí de lá e fui deixando enxuta a lista de médicos que eu gostaria que estivesse comigo nesse momento. Pode ser comum, mas dizer que é normal para uma pessoa que acabou de sofrer um aborto chega a ser uma ofensa! Normal é dar certo. Com isso, fui afunilando cada vez mais os profissionais que eu queria ao meu lado. Comecei a ler e estudar sobre o assunto, aprendi cada passo que teria que dar para saber que tudo estava certo comigo e com o Pedro.

O primeiro médico foi o Dr Nathan! Não tenho palavras para agradecer, cada consulta é uma aula. Ele fez minha suplementação desde agosto de 2021, feitas com base nos meus exames e refeitas a cada 60 dias. Incontáveis tubinhos de sangue… Conseguimos deixar tudo redondinho!

Aliás, desde agosto fui fiel (e até chata) à suplementação individualizada que fazíamos, cada viagem eram muitos comprimidos para organizar. Mas tudo bem. Afinal, eu tinha que fazer a minha parte, para assim Deus poder fazer a parte dele!

Entrei para um grupo no Whatsapp que me ajudou muito “Las Emponderadas” e de lá tirei muito de todo o conhecimento que adquiri, durante minhas pesquisas relacionei os exames que poderíamos fazer.

Nessa primeira etapa fizemos alguns deles: os cariótipos, os meus hormonais, os básicos da trombofilia, espermograma, todos com ótimos resultados. Aparentemente não tínhamos nada… Passados 3 meses eu não me contentei, consultei uma médica fertileuta que disse “mais 6 meses de tentativas ou mais uma perda gestacional para investigarmos mais”.
Sai de lá e só ficou uma coisa na minha cabeça “mais uma perda…”. Claro que é uma coisa impossível de se ter controle, mas eu ainda não tinha feito de tudo! Resolvi fazer o restante dos exames e então começaram a aparecer os diagnósticos: mutação do PAI1 4G/4G, MTHFR, fator XIII alterado, Fator de Von Willebrand alterado, mutação do gene da ECA. Eu tinha trombofilia.

Fiquei mais tranquila por saber, sabia que tinha tratamento e também que poderia ter sido a causa da minha primeira perda.
Agora porque o médico tem que esperar outra perda? Não entendo e acho desumano! Se o paciente tem condições e quer investigar, que o faça!
Sei das dificuldades que as tentantes passam nesse quesito! Elas simplesmente não conseguem os pedidos médicos (graças a Deus essa dificuldade não tínhamos), mas via elas fazendo listas de médicos que iriam investigar a fundo o teu caso e riscando aqueles que passavam uma “receita de bolo”.

Já falei dos melhores médicos? Meses antes de engravidar contratei o plano gestacional do querido Dr Luis Gustavo (que me ajudou antes mesmo de ser meu médico, ainda na perda da Lara). Sabia que ia engravidar e o acompanhamento de ultrassom seria com ele, o melhor, mesmo 50km de onde eu moro a cada 15 dias!

Nada que tivesse no meu controle ia sair errado dessa vez e acima de tudo, todas as noites desde quando iniciei as investigações eu rezava baixinho: estamos fazendo nossa parte Deus, me dê a graça de gerar uma vida. Eu comecei a estudar muito sobre tudo isso, lendo artigos, cheguei a fazer até cursos, eu tomei o papel de protagonista dessa história e lendo muitos relatos nos grupos de whatsapp, sabia que não podia ficar na mão dos médicos, eu precisava ter conhecimento para escolher quem eu queria que me guiasse nessa jornada.

Infelizmente 2021 terminou e não foi “grávidos” como tanto queríamos, mas sua mãe não desiste fácil não! Chorava a noite, mas levantava pela manhã dando um passo mais perto de você.

Janeiro e fevereiro foram meses tumultuados. O ano começou com um COVID daqueles, mas seguimos as investigações com duas histeroscopias cirúrgicas com a maravilhosa Dra Ana Rita, que me acolheu desde o aborto, histerosalpingosonografia e USG com preparo com o Dr Marcelo Pedrassani.

Infelizmente nem todos resultados foram bons, diagnóstico de endometrite crônica, fizemos lise de sinéquias e uma segunda histero para controle das mesmas, na histerosalpingosonografia tudo perfeito, mas a USG encontrou um foco pequeno de endometriose e outro de adenomiose! Mais 3 médicos e decidimos não operar naquele momento.

O tratamento da endometrite foram 21 dias de 3 antibióticos para o casal, repetimos a histeroscopia e o tratamento deu certo: negativo para endometrite crônica.

Naquele ponto já tinha um “protocolo”: enoxaparina injetável junto com progesterona após confirmação da ovulação, AAS contínuo.
Mas tínhamos mais um problema, desde dezembro eu não ovulei mais. Covid? Talvez, nunca saberemos ao certo! Então passamos a fazer controle da ovulação e indução e assim foi dali para frente…

Foram 5 ciclos de coito programado (que é tão bom quanto esse nome), sem sucesso.

Em abril decidimos que era hora de darmos o próximo passo, comecei o acompanhamento com o Dr. Rodrigo Berger, a quem eu tenho muita gratidão, iniciamos um protocolo imunológico com aplicação mensal de lipofundin e mais imunossupressores orais.

Decidimos também que partiríamos para a FIV.
Escolhemos o Dr. Rodrigo Rosa, que foi um anjo nas nossas vidas e demos início ao processo.
É um processo desgastante, quem chega nesse ponto já está calejado, cansado e precisamos lidar com uma alta carga hormonal, mas em nenhum momento pensamos em desistir.

O processo teve seus percalços, como tudo a FIV também não segue nosso planejamento, tivemos um ciclo cancelado por poucos folículos antrais e iniciamos a estimulação em agosto, o resultado inicial não foi dos melhores, o “funil” da FIV é cruel e dos 14 folículos coletados tivemos somente 8 maduros, confesso que quase surtei (e enlouqueci o Dr. Rodrigo) e já estávamos pensando em uma nova coleta, mas é Deus quem dá a palavra final.

Encontramos anjos nesse caminho e o Dr. Rafael Portela com certeza foi um deles, nos deu força para acreditarmos no melhor resultado. Um ser humano diferenciado que com certeza veio ao mundo com uma missão! Gratidão Rafa, eterna 🙏🏼❤️.

Dos 8 maduros, tivemos 6 fertilizados e mais angústia… Até que veio um resultado superando todas as expectativas: dos 5 blastocistos tivemos TODOS euplóides (normalmente para minha idade 60% são euplóides).

Na FIV precisamos encarar a possibilidade de falhas de implantação e os médicos “sugerem” termos 3 blastos euplóides para cada filho que queremos, ou seja, precisávamos de 6 pensando no planejamento familiar. Tivemos 5 e colocamos nas mãos de Deus, não faríamos outra coleta.

Era hora de nos prepararmos para a TEC (transferência), dei tudo de mim nesse período: suplementação, exercícios, alimentação anti-inflamatória e acupuntura. Eu precisava fazer minha parte para que Deus pudesse fazer a dele.

Acupuntura foi uma aliada muito importante nesse processo, iniciei as sessões semanais em maio com a Dra. Fernanda Cristófoli (uma querida e muuuito competente) e na TEC fizemos também o Protocolo de Paulus.

No dia 20/09 fizemos a TEC e tivemos nosso positivo! ❤️

Ainda passamos por dois sustos bem grandes na 6ª e 7ª semana, com dois sangramentos e idas à emergência, ajustamos algumas medicações, mas somente agora, com 12 semanas, conseguimos relaxar um pouco 🙏🏼. Depois de uma perda gestacional é bem difícil curtir a gestação sem medo, isso aconteceu lentamente!

O acompanhamento com o Dr. Luis Gustavo nos trouxe paz, nossas USG são feitas a cada 15 dias e com isso estamos sempre em conexão com o nosso bebê!

Meu relato é longo, com muitas dificuldades e sei que muitos casais passam por isso (e coisas muito mais difíceis) em silêncio e a postagem no Instagram é só da parte boa! Por isso: investiguem, não se acomodem… ninguém sabe a dor silenciosa que é a infertilidade! Escreva a sua história, seja o piloto dessa jornada.

Eu fui taxada de neurótica, ouvi milhões de vezes o clichê “relaxa que engravida”, ninguém (fora as tentantes dos grupos) entendiam aquele monte de vitaminas em vários horários diferentes, as milhões de consultas, as várias mudanças de médicos, os incontáveis exames, o despertador todos os dias as 6hrs para medir temperatura! Não teve férias, lua de mel, carnaval que mudasse isso… Hoje? Eu faria tudo igual!

Agradeço as meninas dos grupos: elas foram mais que minha família nesse processo e ninguém melhor que elas para entender tudo isso.

Exames:
– 4 histeroscopias
– USG com preparo para rastreio de endometriose
– Historissalpingossonografia
– Incontáveis exames de sangue
– USG de controle de ovulação

Diagnósticos:
– Trombofilias
– Sinéquias uterinas decorrentes do AMIU
– Varicocele bilateral sem impacto no espermograma
– Endometrite crônica

Nº de tentativas de FIV

1

Já sofreram um aborto?

1

Fatores de complicação

Alteração na tireoide, Endometriose, Adenomiose, Trombofilia, Varicocele

Em que momento estão

Já concluído, gestando

Avaliação da(s) clínica(s):

Clínica

Mater Prime – Clínica de Reprodução Humana Assistida

Av. Ibirapuera, 2315 - Moema, São Paulo - SP, 04029-200, Brasil

Avaliação
Experiência com a clínica

A clínica é maravilhosa, tanto os médicos quanto a estrutura que trouxe o conforto que queríamos (conseguimos esquecer que aquilo era um tratamento), todos muito humanos.

Comentários:

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1 comentário

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    Psicóloga Marcia Yunes

    Mari!!
    Nunca saberemos o quão forte somos até que ser forte seja a única escolha!
    Sua história inspira força, busca e muita fé!

    Desejo que sua gestação siga lindamente e logo logo terá o melhor “encontro às cegas” onde tem a certeza que conhecera o amor da sua vida! 🙏❤️

    5 de janeiro de 2023 às 00:05