Eu nunca quis ser mãe jovem. Quando eu nasci, minha mãe tinha 23 anos, e o meu pai, 20.
Nenhum deles tinha independência e o casamento acabou em poucos anos. Então, sempre fui a filha que tinha que ser boa na escola, responsável e independente, para não cometer os mesmos “erros” dos pais.
Mesmo assim, a questão da maternidade sempre me rondou, mas não porque eu me sentia pressionada pela sociedade. Eu queria sentir o tal “amor fora do peito”, aquele vínculo sem explicação que só as mães sentem. Só que a pressão pelo crescimento profissional e a falta de um parceiro ideal me faziam adiar esse projeto. O meu primeiro relacionamento sério só veio aos trinta anos, e a vontade de ter um fruto daquele amor era muito grande, mas ele já tinha filhos e havia feito vasectomia há muito tempo atrás, além de nunca ter sido muito claro sobre o meu desejo. Passados cinco anos, essa questão acabou pesando e o fim do relacionamento foi inevitável.
Depois disso, fiquei um bom período sozinha, curtindo muito a vida e repensando vários dos meus projetos. Comprei um apartamento com um quarto que seria do meu filho, desisti do meu sonho profissional porque me dei conta que aquilo não cabia mais na minha vida, que a felicidade poderia existir além do emprego e carreira dos sonhos. Então, quando tudo pareceu
se acalmar, encontrei o meu atual parceiro, uma pessoa que me trouxe paz e a possibilidade de realização do meu sonho de ser mãe.
Mas, nessa altura da vida, eu já estava com 42 anos, e todos os médios que eu havia consultado foram enfáticos em me alertar sobre as dificuldades de ser mãe depois dos 40. Me lembro de uma ginecologista que me falou que depois dos 43 as clínicas de reprodução assistida nem aceitariam fazer a FIV com os meus próprios óvulos.
A primeira especialista em reprodução humana que me acompanhou por alguns meses era muito simpática, cheguei a fazer controles de ovulação pelo ultrassom, exame anti‐mulleriano e histerossalpingografia. Foi nessa época que senti a necessidade de procurar “algo mais” para me ajudar a compreender a jornada que estava se iniciando, e me deparei com a palestra da Gabby Lacerda “infertilidade numa visão espiritual”, no youtube. A partir daí, comprei já o livro Bendizer, fiz todas as práticas, depois “Diário de uma Tentante Consciente” e “Conexão com o Bebê”. Estava muito leve com as mensagens e a filosofia do Bendizer, que me ajudou a optar pela FIV com naturalidade. Aliás, nunca vi o procedimento como um tabu, tenho dois primos que vieram ao mundo por esse meio, assim como o meu parceiro também tem uma prima, sua concepção me foi confidenciada pela própria mãe. Hoje já são adultos e muito felizes, verdadeiras alegrias na família.
Passados os seis meses que eu havia estabelecido de prazo para tentar naturalmente, voltei à médica convicta de que era esse o caminho. Para a minha surpresa, ela me disse que seria muito difícil pra mim e que “era melhor eu não tentar”; mesmo assim, eu insisti, perguntei dos custos e que eu iria fazer, que era agora ou nunca. Ela concordou meio que timidamente, falou que ia lançar os exames que eu poderia fazer no plano médico. Passados alguns dias, fui novamente surpreendida em saber que ela nem havia se dado ao trabalho de lançar os exames necessários.
Mas não me abalei. Os ensinamentos da Gabby já estavam encrustados na minha mente. Estava feito!
Foi então que procurei a minha atual médica, Dra. Suelly Resende, referência na reprodução assistida na minha cidade. Me lembro como se fosse ontem a nossa primeira consulta: depois de contar toda a minha trajetória, mesmo sem ignorar o fator idade, ela disse que eu deveria tentar. Lá fomos nós fazer todos os exames necessários. Nessa época, comecei a fazer também o curso extensivo “estou pronta para ser mãe”, com práticas diárias e encontros a cada quinze dias, além de acompanhar as publicações no Instagram e fazer todas as meditações disponíveis. É impressionante o poder das afirmações positivas na nossa vida! Me lembro que algumas vezes, ao aguardar o meu horário com a Dra. Suelly, fiz a mentalização de crianças vestidas de branco em cima do telhado do consultório, e dentre elas estava o meu filho, e ele ficava me olhando lá de cima se indagando se eu já estava pronta, se era agora que a gente iria se conhecer. Mesmo em meio a muita ansiedade, tudo me favorecia, decidi seguir o fluxo e confiar na vida.
E assim iniciei os ciclos de estimulação. Comprei o livro “Prepare‐se para a FIV” e segui viagem.
A médica optou pelo protocolo do duo stim, eu optei pela biópsia assim que os embriões chegassem ao estágio de blastocisto e assim foi feito. Do total, eu obtive SEIS embriões, sendo dois euplóides. Vejam bem, eu já estava com quase 44 anos, e fui além das estatísticas e do diagnóstico dos médicos anteriores. Sim, era esse o caminho! Esperei passar um ciclo menstrual para me preparar para a transferência, eu optei em transferir um só. Como diz a Gabby, estava “na cara do gol”!. Mas foi aí que as minhas inseguranças e os meus questionamentos começaram a pesar. A minha progesterona não estava boa o suficiente, mesmo fazendo uso de medicação injetável e acabei não conseguindo engravidar na primeira transferência. Foi um choque muito grande, praticamente desabei.
Para sair do buraco escuro que eu estava, sabia que eu precisava de mais ajuda. Foi então que eu decidi fazer a mentoria particular com Francielle Kollas. Sua história de vida e trajetória para ser mãe haviam me impressionado em uma das lives com a Gabby, foi de arrepiar e ficou guardado na minha memória. Precisava do apoio de alguém que tivesse tido uma sentença desfavorável de fertilidade para reafirmar a minha fé. E assim foram os nossos encontros, porque tive muitos percalços no caminho. A Fran me ajudou em muitas questões, principalmente em relaxar, curtir mais (tomar uma cervejinha em meio ao tratamento enquanto não tivesse medicação não faria mal, kkkk) e abandonar certas expectativas em relação ao parceiro. Me passou leveza, e era o que precisava naquele momento.
Preparei‐me para o ciclo seguinte e fui novamente surpreendida: minha taxa de progesterona não estava boa. Já na clínica, pronta para a transferência, a Dra. Suely me ligou e me disse, “nós não vamos transferir, não podemos desperdiçar o seu embrião”. Respirei fundo, aceitei a decisão daquela médica que foi a única que acreditou em mim e segui em frente. Algo soprou na minha cabeça e acabei fazendo na ocasião o exame ERA, que identifica a receptividade endometrial, já que havia feito todo o preparo. Graças a Deus, tudo certo, resultado ótimo. Lá fomos nós para outra transferência, já em janeiro2022. Nessa época eu estava com muito medo de pegar COVID, amigos próximos haviam sido diagnosticados. Cheguei a sonhar que havia pego COVID e, dois dias depois, os sintomas apareceram e eu resolvi testar. Resultado: positivo.
Pronto, a transferência seria adiada mais uma vez. Foi então que eu passei a aceitar mais os desafios que se colocavam na minha vida, porque me dei conta de que eu não tinha controle de absolutamente NADA e que tudo teria um propósito. Só respirar fundo e seguir.
Lá fui eu para o ciclo seguinte. Tomei as medicações necessárias para o preparo do endométrio e segui em frente, afinal, o que mais poderia acontecer? No dia da transferência, pela manhã, senti um sangramento e comuniquei à médica. Ela me disse, “seu endométrio está se desfazendo, não vamos poder transferir”. Mas eu sentia que aquilo não era menstrual, fui imediatamente fazer um ultrassom e a médica confirmou que o endométrio estava na espessura perfeita, tudo pronto para a transferência. Conversei de novo com a Dra. Suelly, ela ainda estava um pouco receosa, mas vi que ela sentiu que eu estava preparada e tranquila, havia destinado os dias exatos para o repouso, tudo estava perfeito e assim fomos nós.
Dia 03/3/2022, depois de muitos altos e baixos, transferimos o meu embrião. Segui com o meu repouso nos exatos termos da filosofia Bendizer, tudo muito tranquilo, com uma pequena intercorrência: a visita surpresa da minha mãe no quarto dia, kkk! Não moramos na mesma cidade, ela mora na zona rural e precisava fazer alguns exames, só que veio sem me avisar. No início eu me irritei, mas depois senti que era para ser, ela acabou de me ajudando muito aqui em casa e em outras questões também. A Fran foi muito pontual nessa questão, disse para eu conversar com o meu filho, que a vovó ainda não sabia dele, mas que ela quer muito conhecê‐lo.
Enfim, chegou o dia 14/3/2022, dia marcado para o exame BHCG!! Plena segunda‐feira, laboratório lotado … olha, foi difícil. Tentei me controlar para não entrar na internet o tempo todo para ver o resultado. Almocei, tirei um longo cochilo, tomei coragem e lá fui eu. Lembro bem que, antes de ver o resultado, olhei para o céu e falei com Deus, que eu aceitava o resultado qualquer que fosse, porque eu estava tranquila de que eu havia feito tudo o que estava ao meu alcance, e que se o Universo trouxesse o meu filho pra mim naquele dia, que a gente ia dar as mãos e seguir junto. E assim foi o meu BHCG, mega alto, 1599 Mui/Ml! Eu custei a entender o resultado, nem sabia que podia dar alto assim. Uns 10 minutos depois, Rita, a secretária da médica, me mandou mensagem perguntando se eu havia visto o resultado. Aí a minha ficha começou a cair, eu estava GRÁVIDA, deu certo!! O resto foi só alegria.
Em suma, tive uma gravidez mais do que tranquila, sem enjoos, sangramentos ou intercorrências. No dia 10/11/2022, com 38 semanas e 4 dias, chegou a Clarice, por meio de parto cesária, de uma forma muito linda e humanizada.
Lembro bem da frase da minha psicóloga, outra parceira da minha jornada, “o melhor é aquilo que sempre acontece” e assim vou levando essa jornada. Um dos exercícios que a Gabby propôs na prática é que criássemos uma frase para a nossa jornada de tentante, e eu criei essa: “acostume‐se com o sucesso”. E é justamente isso, em meio a todas as adversidades e contra todas as opiniões eu tive um filho muito desejado aos 45 anos de idade!
Desculpem o meu longo relato, mas precisava colocar a história dentro do contexto certo para que, quem sabe, eu possa inspirar outras mulheres. Não tenho palavras para agradecer a Gabby Lacerda, e enquanto eu respirar eu vou honrar a sua vida e da sua família. Obrigada por fazer o nosso caminho mais leve e com mais esperança, com as respostas perfeitas para todas as situações. Eu presenteei seu livro para pessoas que com certeza irão levar a sua mensagem para as tentantes que estão passando por esse processo e vou presentear para aquelas que eu encontrar no meu caminho.
O que eu posso dizer para as mulheres com mais de 40 anos e que querem ser mães é que não desistam. Sim, você ouvir de TODOS sobre as dificuldades de engravidar na sua idade, vão te mostrar uma tabela padrão que fala dos percentuais de gravidez em cada ano, mas isso não é a sentença final. Eu engravidei aos 44 anos com um exame antimulleriano de 0,69 ng/ml, com uma médica que simplesmente acreditou em mim sem me prometer nada.
Entre nesse projeto com a consciência de que você está fazendo tudo o que é possível. Como diz a nossa amada Gabby, “tem para todo mundo”!
Que linda sua história! 💕
Médicos trazem números e cifras, seu relato traz a esperança para muitas mulheres
Sua história inspira confiança, perseverança e fé!!
Parabéns pela sua princesinha!! Curta muito esse momento juntas 🙏❤️
4 de janeiro de 2023 às 23:50