A fertilização in vitro é um tratamento de reprodução assistida que caracteriza-se por etapas bem definidas e que brevemente descreverei abaixo.
1- BLOQUEIO OVARIANO E ORGANIZAÇÃO DA CORTE FOLICULAR
No mês anterior ao processo de indução da ovulação, podemos fazer uso de alguns medicamentos que organizam a corte folicular e bloqueiam o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano para evitarmos a luteinização precoce dos folículos e do endométrio.
Pode ser um anticoncepcional oral, o valerato de estradiol ou um análogo do GnRH por exemplo.
2- HIPERESTIMULAÇÃO OVARIANA
Após esse preparo preliminar e a descida da menstruação, no segundo dia do fluxo menstrual após uma ultrassonografia e dosagens hormonais, iniciamos a hiperestimulação ovariana com gonadotropinas por via subcutânea que duram em média 10 dias com o intuito de ocorrer o recrutamento folicular e a dominância sobre o maior número possível de folículos recrutados.
3- TRIGGER OVARIANO
Quando os folículos atingem 17 a 22 mm de diâmetro médio ao ultrassom fazemos uso de uma medicação que faz a maturação final dos folículos e consequentemente dos óvulos que serão coletados +/- 35 horas.
Essas medicações podem ser a Gonadotrofina Coriônica Humana
(caso esteja programada a transferência embrionária à fresco) ou um Análogo do GnRH (caso esteja programada a transferência embrionária de congelados por algum motivo)
4- ASPIRAÇÃO FOLICULAR / COLETA DE ÓVULOS
Procedimento minimamente invasivo guiado por ultrassom sob sedação em que temos acesso aos folículos ovarianos e fazemos a aspiração do líquido folicular e dos óvulos presentes e que serão avaliados pela equipe de embriologistas no laboratório de FIV.
5- COLETA DE SEMEN
Paralelamente a coleta dos óvulos o parceiro/ marido/ companheiro passa por um processo de auto masturbação e o semen é encaminhado ao laboratório de andrologia para o devido preparo e para a inseminação dos óvulos coletados.
6-MATURAÇÃO DOS ÓVULOS / DENUDAÇÃO DOS ÓVULOS
Após a coleta dos óvulos, eles ficarão em cultivo para a maturação final em meio de cultura específico. Após 3 horas, os óvulos passam pela denudação (“limpeza dos óvulos”) para serem inseminados pelos espermatozoides coletados.
7- CULTIVO EMBRIONÁRIO
Dependendo do número de óvulos coletados, o tipo de trigger utilizado, a indicação ou não de biópsia embrionária o cultivo embrionário poderá ser levado até o terceiro ou quinto dia de cultivo transferindo-se ou não os embriões à fresco ou congelando-se os embriões para transferência embrionária em ciclo posterior e a ser programado.
8- BIÓPSIA EMBRIONÁRIA
É um procedimento minimamente invasivo onde, por via microscópica, retiram-se algumas células da trofectoderma (células embrionárias que darão origem a placenta) para análise genética e a determinação das condições cromossômicas dos embriões biopsiados. Logo após a biópsia os embriões são vitrificados e armazenados em tanques de nitrogênio líquido a -189*C para a transferência deles em ciclo a ser programado.
9- TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA
Independentemente de ter sido programado a transferência embrionária à fresco ou de embrião congelado o procedimento é realizado tecnicamente da mesma forma. Guiado por ultrassom abdominal a transferência embrionária é realizada sem sedação, na grande maioria das vezes, utilizando-se um cateter específico, delicado e flexível permitindo-nos a transferência embrionária propriamente dita para a superfície do endométrio, mucosa que reveste a cavidade uterina.
10- TESTE DE GRAVIDEZ / IMPLANTAÇÃO EMBRIONÁRIA
Após 10 a 12 dias da transferência embrionária orientamos a coleta de uma amostra de sangue para a quantificação do estradiol, da progesterona e do BHCG.
Caso tenhamos um resultado positivo orientamos que esses exames sejam repetidos a cada 48 horas com o objetivo de acompanharmos a duplicação do BHCG que nos dá a ideia de que a gestação esteja evoluindo bem.
11- ULTRASSOM OBSTÉTRICO TRANSVAGINAL
O primeiro ultrassom deverá ser realizado por volta de 14 dias após o primeiro BHCG positivo desde que tenhamos a evolução da gestação dentro do esperado.
Espero que as etapas da fertilização in vitro tenham ficado claras para você.
Escrito por Dr. Francisco Furtado Filho, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana CRM PR 12552
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